Vida Bicicleteira

Análises sobre probabilidades. Texto de julho de 2020.

INSIGHTS REFLEXIVOS

Álvaro de Matos

3/27/20235 min read

Mês de julho, aqui no Norte, é mês quente. (*) Texto publicado em julho de 2020.

Vida que segue. Encontrar um rumo de continuidade. Tomar a vida para si. Seguir adiante. Colocar a vida no seu prumo. Vida só é vida se estiver em movimento. Vida que segue.

Neste artigo vou tecer reflexões que voam pelo vento, no andar de bicicleta. A arte de seguir adiante. A arte de se movimentar e tornar a vida leve.

Então, parto da premissa, científica, de que não existe estabilidade. O tempo não cura por si só. Não existe a tal linha reta do passado, presente e futuro. O Universo não se movimenta de forma linear.

O físico e filósofo Thomas Kuhn ao formular o conceito do paradigma afirma que ele pode sofrer mutações, é verdade, mas que o verdadeiro progresso científico é descontínuo, não linear, porque ele ao se instalar quebra padrões estabelecidos. É a revolução. Um novo paradigma é revolucionário ao dar o salto, desconstruindo o anterior.

Os sistemas são dinâmicos, complexos e não lineares. A força motora que faz você ir além não se preocupa muito com o que está estabelecido. Assim se processa a vida.

Teoria do Caos

O matemático e meteorologista Edward Lorenz, no início da década de 60, definiu matematicamente o marco da denominada “Teoria do Caos”. Num sistema dinâmico, complexo e não linear, pequenas mudanças no início, uma sutil variável diferente, são capazes de gerar mudanças profundas em todo o sistema ao longo do tempo.

É como se uma borboleta tão bonita, meu delírio, quanto mais delicada, ao bater asas no Brasil causasse, tempo depois, um tornado no Texas, como bem explicitou Lorenz. Efeito borboleta. Teoria do Caos.

A borboleta transforma destinos

Vou repetir a beleza dessa Lei Cósmica: uma pequena mudança, no início do processo, pode causar grandes repercussões, inesperadas, imprevisíveis e surpreendentes, que aparecerão a longo prazo.

Mas, então, você está no meio do processo e agora ficou com receio do resultado? Fique tranquilo. Respire fundo e escute o Chico.

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim” (Chico Xavier)

Novo Começo

É muito importante viver a vida como quem anda de bicicleta, sempre pedalando para o caminho acontecer.

Significa ter uma meta, uma trilha, uma escolha, decidida como um objetivo específico de um plano de ação. Não deixar as coisas acontecerem ao sabor do vento, porque não há, ainda, uma certeza e uma estabilidade para se materializar aquilo que você quer.

Quando estamos pedalando, avançando em direção ao nosso destino, conscientemente definido, há uma tendência de estagnação ao padrão anterior, caso não empreguemos a força necessária para fazer acontecer. Ao estagnar, a curva faz um declínio e, assim, voltamos ao padrão anterior.

O pedalar, então, deve ser contínuo, diário, ritmado e constante. Não sei se você sabe, mas o nome disso, em outras línguas, é ter foco, disciplina e perseverança.

Se não pedalar, o que acontece com a sua bicicleta? Ela para. E, assim, você não chegará ao seu destino. Não há outra opção, a não ser colocar força nas pernas e voltar a andar com a mesma intensidade de antes.

Ou seja, independentemente qual seja o seu plano, se é cantar pro seu bem, como diria o poeta mineiro que homenageio neste artigo, ou ser milionário, não importa. Ou você emprega a força constante para o seu crescimento, para alcance da sua meta, ou ela não se realiza.

A esterilidade da não aceitação

Não aceitar o conceito de que a vida é antes de mais nada você com a sua bicicleta, só atrasa a chegada, só dá peso ao trajeto.

Não aceitar que você é responsável pelas suas escolhas e reações só lhe torna, ao longo do tempo, infértil de felicidade.

Você com você mesmo.

Não adianta quebrar a bicicleta nem ficar mudando a rota a cada manhã. O caminho do coração não admite atalhos.

Pode o processo estar cansativo: vá além.

Pode você não ver o horizonte: tenha fé.

Pode a montanha à sua frente, a ser ultrapassada nesse momento, ser tão monstruosa de tão grande: confie em você e na sua proteção.

Pode haver necessidade de descanso para seguir o caminho: busque uma forma.

Pode as pessoas rirem de você: escute seu coração como bússola.

A nuvem boa lhe acompanha toda vez que você consegue colocar no lugar o seu olhar mais bonito, transformando o processo e saboreando a paisagem.

Ladeira não é declínio

Quem anda de bicicleta na vida sabe que o caminho muda com o tempo. O clima interfere, as estações do ano geram situações novas e o relevo altera a forma da condução.

Uma ladeira abaixo não é sinal de declínio; às vezes é sinal de mudança rápida. Utilizar a ladeira para andar de banguela, significa deixar o ego de lado. É seguir a correnteza da estrada.

Às vezes, a gente se guarda para quem não nos quer, e, para andar de bicicleta, a vida requer da gente a capacidade de se adaptar ao entorno.

Se algo estava bem e teve mudança brusca ou realmente está sendo muito dificultoso, pode ser um sinal de alerta e da necessidade de freio, para fazer a readaptação.

Uma mudança de trajeto não representa mudança de objetivo, muito menos fracasso na vida. Ao mudar de rota, você pode estar encontrando, na verdade, o seu melhor caminho.

Vida em equilíbrio

É importante que o processo gere o prazer do andar de bicicleta, da liberdade e da leveza que somente quem tem o compromisso conhece. Passar a mão no guidão e ficar tudo no lugar e ir em direção à estação do amor.

Assuma o guidão da sua vida.

Mas se você não vivencia isso, não se preocupe. Respire fundo e escute o Albert.

“Viver é como andar de bicicleta. É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio” (Albert Einstein)

Movimento e equilíbrio. Não é se movimentar para criar instabilidade. Nem é ficar indo de um lado para o outro, sem realizar nada que valha a pena. Não é dar voltas em círculos.

É se movimentar em direção àquilo que se quer para si.

Essa vida é mesmo bicicleteira! Ela pede apenas que você queira viver, mexer o esqueleto e entrar na dança. Vamos?!

Álvaro de Matos